textos, pensamentos, impressoes... Tudo o que nos rodeia,analisado, pensado, descrito e escrito...
Archives
07/01/2003 - 08/01/2003
08/01/2003 - 09/01/2003
11/01/2003 - 12/01/2003
01/01/2004 - 02/01/2004
02/01/2004 - 03/01/2004
04/01/2004 - 05/01/2004
05/01/2004 - 06/01/2004
08/01/2004 - 09/01/2004
09/01/2004 - 10/01/2004
02/01/2005 - 03/01/2005
03/01/2005 - 04/01/2005
04/01/2005 - 05/01/2005
05/01/2005 - 06/01/2005
06/01/2005 - 07/01/2005
07/01/2005 - 08/01/2005
08/01/2005 - 09/01/2005
09/01/2005 - 10/01/2005
10/01/2005 - 11/01/2005
12/01/2005 - 01/01/2006
03/01/2007 - 04/01/2007
07/01/2003 - 08/01/2003
08/01/2003 - 09/01/2003
11/01/2003 - 12/01/2003
01/01/2004 - 02/01/2004
02/01/2004 - 03/01/2004
04/01/2004 - 05/01/2004
05/01/2004 - 06/01/2004
08/01/2004 - 09/01/2004
09/01/2004 - 10/01/2004
02/01/2005 - 03/01/2005
03/01/2005 - 04/01/2005
04/01/2005 - 05/01/2005
05/01/2005 - 06/01/2005
06/01/2005 - 07/01/2005
07/01/2005 - 08/01/2005
08/01/2005 - 09/01/2005
09/01/2005 - 10/01/2005
10/01/2005 - 11/01/2005
12/01/2005 - 01/01/2006
03/01/2007 - 04/01/2007
Correspondência Interna
Saturday, March 24, 2007
|
Tuesday, December 20, 2005
|
Wednesday, October 19, 2005
|
Último Capítulo
fotografia por Jiri
Como um raio límpido
Como uma palavra de água
Como uma loucura nos lábios
Os dias terminam.
Os dias começam.
Levo-os comigo. Vou para outra parte.
Semear flores, pornografia e anjos.
Beleza e Pureza.
Amar. Perto. Longe.
Até ao fim.
Correspondência Interna – capítulo último.
Tuesday, October 18, 2005
|
|
Night line - a cidade dos sonhos
Adicionar horas às horas. Adicionar tempo ao tempo, e descobrir, no reverso do tempo, as imagens fundamentais.
Na cidade, por detrás do néon, e das vidas que se desenrolam, dia a dia, adicionando dias a dias, semanas a semanas, tempo a tempo, eu recupero sempre as mesmas imagens e o que nelas existe de fundamental.
Uma pureza de outro tempo. De outras noites. De uma cidade que é a mesma, e que era outra. Um olhar diferente, e que é o mesmo, e que era outro.
Uma pureza que se cinge Às cores, que se equaciona nas estações do ano, que se percepciona no reverso dos olhares que vão fazendo a vida e os afectos, e tudo, todas as coisas que, em dias mais escuros, nos apetece agarrar, meter numa mala, e levar para um país distante, feito de céu e de estrelas e de coisas puras.
Escrevo, e acho que escrevo sobre a cidade. Mas escrevo na cidade, e sobre a vida, a minha, e as outras. Que se interseccionam com a minha, num remoinho mágico, de afectos, de encontros e de desencontros, selo de identidade do fluxo eterno da vida. Como um mar revolto. Como ondas suaves que chegam finalmente à praia.
Sobre o que escrevo? Sobre o que escrevo sempre? Sobre o que escrevo em todos os momentos da minha vida? Sobre isto. Sobre esta coisa. Este milagre de vida, de ser vida, de ver a vida, de estar a vida em toda a parte, dentro de mim, fora de mim, à minha volta, perto, longe, nos olhares que se cruzam, nas vozes que me chegam pelo ar de cidades distantes, pelos caracteres que viajam por cabos e que chegam até este monitor onde os leio, e onde leio, então, a vida e todos os seus grandes rebentamentos.
Viver. Viver. Tem tudo a ver com viver. O anjo. E o teu sorriso. E a ternura em toda a parte.
E os meus sonhos. Que crescem. Devo-lhes algo. Devo-lhes tudo: pureza ao senti-los. Beleza na sua edificação. Devo-lhes o meu olhar. O tudo o que o meu olhar reflecte.
Aos sonhos. E a todas as pessoas que os fizeram nascer em mim. E a todas as pessoas que os fazem nascer e crescer em mim.
Meia-noite e qualquer coisa. E o Porto adormece. Lentamente. Como a criança que eu já fui, que tantas vezes ainda sou, e que sabe que o cheiro da alma é o cheiro das ruas da minha cidade, do mar na minha cidade, do rio na minha cidade, de ti e de todos os meus sonhos derramados em cada passo que dou na cidade que os sonha, que os vê crescer. Na cidade do Porto. Na minha cidade.
Adicionar horas às horas. Adicionar tempo ao tempo, e descobrir, no reverso do tempo, as imagens fundamentais.
Na cidade, por detrás do néon, e das vidas que se desenrolam, dia a dia, adicionando dias a dias, semanas a semanas, tempo a tempo, eu recupero sempre as mesmas imagens e o que nelas existe de fundamental.
Uma pureza de outro tempo. De outras noites. De uma cidade que é a mesma, e que era outra. Um olhar diferente, e que é o mesmo, e que era outro.
Uma pureza que se cinge Às cores, que se equaciona nas estações do ano, que se percepciona no reverso dos olhares que vão fazendo a vida e os afectos, e tudo, todas as coisas que, em dias mais escuros, nos apetece agarrar, meter numa mala, e levar para um país distante, feito de céu e de estrelas e de coisas puras.
Escrevo, e acho que escrevo sobre a cidade. Mas escrevo na cidade, e sobre a vida, a minha, e as outras. Que se interseccionam com a minha, num remoinho mágico, de afectos, de encontros e de desencontros, selo de identidade do fluxo eterno da vida. Como um mar revolto. Como ondas suaves que chegam finalmente à praia.
Sobre o que escrevo? Sobre o que escrevo sempre? Sobre o que escrevo em todos os momentos da minha vida? Sobre isto. Sobre esta coisa. Este milagre de vida, de ser vida, de ver a vida, de estar a vida em toda a parte, dentro de mim, fora de mim, à minha volta, perto, longe, nos olhares que se cruzam, nas vozes que me chegam pelo ar de cidades distantes, pelos caracteres que viajam por cabos e que chegam até este monitor onde os leio, e onde leio, então, a vida e todos os seus grandes rebentamentos.
Viver. Viver. Tem tudo a ver com viver. O anjo. E o teu sorriso. E a ternura em toda a parte.
E os meus sonhos. Que crescem. Devo-lhes algo. Devo-lhes tudo: pureza ao senti-los. Beleza na sua edificação. Devo-lhes o meu olhar. O tudo o que o meu olhar reflecte.
Aos sonhos. E a todas as pessoas que os fizeram nascer em mim. E a todas as pessoas que os fazem nascer e crescer em mim.
Meia-noite e qualquer coisa. E o Porto adormece. Lentamente. Como a criança que eu já fui, que tantas vezes ainda sou, e que sabe que o cheiro da alma é o cheiro das ruas da minha cidade, do mar na minha cidade, do rio na minha cidade, de ti e de todos os meus sonhos derramados em cada passo que dou na cidade que os sonha, que os vê crescer. Na cidade do Porto. Na minha cidade.
Monday, October 17, 2005
|
Mais coisas que leio... - Milan Kundera
"Encontravam-se de pé à frente do espelho. Era sempre aí que se despiam e espiavam as suas imagens. Sabina estava em roupa interior com o chapéu de coco na cabeça. De repente, percebeu que estavam ambos excitados com o quadro. (...) Quando olhou para o espelho, primeiro não viu senão uma situação burlesca; mas, depois, o cómico foi afogado pela excitação: o chapéu de coco deixara de funcionar como um gag e passara a significar violência; violência sobre Sabina, sobre a sua dignidade de mulher. Via-se a si própria com as pernas nuas e as cuecas quase transparentes através das quais o triângulo do sexo se lhe apercebia. A roupa interior sublinhava o encanto da sua feminilidade; o chapéu, masculino, de feltro rígido, negava-a, violava-a, ridicularizava-a. Thomas encontra-se a seu lado, todo vestido, o que contribuía que se lhes ia descobrindo aos dois no espelho não se revelasse, afinal, como um gag (...), mas como uma cena de humilhação. Em vez de rejeitá-la, Sabina representava-a, provocante e orgulhosa, como se se deixasse violar em público; por fim, quando já não podia mais, empurrou Thomas e arrastou-o consigo para o chão."
Sunday, October 09, 2005
|
"De Deus"
Fotografia por Alison Webb
Há uma espécie de coisa de Deus. Há uma espécie de coisa divina, quando as palavras se agrupam. As cores, as cores não se juntam de forma fortuita. Entendo-lhes a ordem, o sentido. A liberdade profunda.
Falo sobre liberdade. Falo sobre amor. Falo sobre sexo. Há algo mais sobre o que falar? Porque o que falo é sobre a Pureza e a Beleza. Como uma alma que procura, nos espaços do mundo, esses raios de luz. Falo sobre crianças, sobre o risa das crianças, porque acredito que existem sóis dentro das pessoas, porque acredito que existem mais luas do que as que astronomia inventaria. Porque acredito nos sonhos. Em todos. E no manto de estrela que os cobre. E no rio de flores que os segue desde a nascente até ao sol- Porque os sonhos, os sonhos não têm foz. Os sonhos crescem e tomam conta das vidas. E tornam-nas azuis.
E Deus existe nisto.
Deus é a Pureza e a Beleza. Deus é a coisa pura. A coisa bela. Deus é essa luz. E todos os sorrisos do mundo.
Falo sobre liberdade. Falo sobre amor. Falo sobre sexo. Há algo mais sobre o que falar? Porque o que falo é sobre a Pureza e a Beleza. Como uma alma que procura, nos espaços do mundo, esses raios de luz. Falo sobre crianças, sobre o risa das crianças, porque acredito que existem sóis dentro das pessoas, porque acredito que existem mais luas do que as que astronomia inventaria. Porque acredito nos sonhos. Em todos. E no manto de estrela que os cobre. E no rio de flores que os segue desde a nascente até ao sol- Porque os sonhos, os sonhos não têm foz. Os sonhos crescem e tomam conta das vidas. E tornam-nas azuis.
E Deus existe nisto.
Deus é a Pureza e a Beleza. Deus é a coisa pura. A coisa bela. Deus é essa luz. E todos os sorrisos do mundo.
Thursday, October 06, 2005
|
"Luz"
Sempre soube que existiriam dias assim.
Sempre o soube.
E mantenho-me aberto para a luz que me entra pela casa,
Para a luz que me entra pela alma,
E que me segreda as coisas mágicas.
Amar. Estar aqui. Ser essa referência de amor que encontras
Quando regressas.
Quando regressas do passado. Desse passado.
Eu já não existo. Eu já morri.
Eu existo aqui. Agora.
Neste espaço de luz, Neste espaço onde a minha alma
Se funde com a verdade fundamental e
No meio do tumulto das horas difíceis,
Se mantém serena, luminosa,
À espera que regresses.
Porque o Amor, o meu amor, é teu.
Eu, Leonor, sou a coisa azul na tua alma.
